quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

!PARTE!

Tenho ouvido muitos lançamentos de discos, principalmente nacionais, atualmente. Como material de pesquisa para ver o que estão fazendo de novo, comprei recentemente os discos do Titãs, Charlie Brown, Pitty, Arnaldo Antunes, peguei emprestado Mallu Magalhães, Jota Quest, Céu e baixei (legalmente no próprio site da banda) o do Roney Jorge e os Ladrões de Bicicleta.

Tudo muito bem feito e produzido, mas pouco me emocionou de verdade.

Céu, Mallu e Roney Jorge foram aclamados como os grandes discos de 2009 pela crítica. De fato, percebemos uma sonoridade moderna, sofisticada que tenta fugir do comum (mas que já começa a ter uma identidade – o incomum está ficando meio parecido). Arranjos mais complexos e muito bem elaborados.

Titãs, Charlie Brown e Jota Quest fazem um pouco mais do mesmo que sempre fizeram, com algumas inovações.

Pitty fez um grande disco de rock e Arnaldo Antunes com seu Iê Iê Iê fez o melhor disco do ano. Esses dois últimos realmente me conquistaram.

Mas ainda assim, senti a falta de algo. Em alguns casos, até a emoção parece programada, pensada, planejada. Contida.

Como meu gosto musical foi formado com o rock nacional dos anos 80, sinto falta daquela pegada mais visceral, intuitiva, semi-amadora. Hoje estão todos tão profissionais... Talvez seja meu amadorismo musical que me faça querer acreditar nisso.

Não sei...

Mas sinto falta de refrões para serem cantados a plenos pulmões de olhos fechados na chuva.

As bandas EMO até tentam, berrando refrões românticos. Mas aí não temos as mensagens heróicas e utópicas. Até as músicas mais pessoais tinham uma pegada com mais vigor. Tinham alma e sinceridade. Conquistar a menina era um desafio tão genuíno quanto derrubar o muro de Berlim, ou “amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.

É nesse contexto que componho minhas músicas e a canção abaixo, para mim, traz um refrão para ser cantando assim. De olhos fechados e desafinadamente (que é o jeito que sei, rs). E de testa franzida, de preferência.

Considero uma das minhas melhores letras na união de forma e conteúdo. Gosto muito das metáforas e aliterações. E acho que a mensagem pode ser encarada de forma mais pessoal ou mais abstrata – a idéia, pelo menos, é brincar com essa dubiedade.

Hoje, pensando nas coisas que sempre quis fazer e que deixei estacionadas em algum cantinho entre o desejo e o receio, percebo que certas letras minhas, na verdade, mais parecem recados do inconsciente para mim mesmo. Acordar! Fazer! Hoje! Talvez até tenha demorado muito para escutar, mas pra quem acorda, nunca é tarde.

(retirado: pode ser ouvida na coluna ao lado)

!PARTE!

eu quero abrir os olhos
porque eu não vejo graça
em fazer vista grossa
eu quero acordar
eu não estou de acordo
quero arrebentar a corda

!parte!
!chega perto!
arde!
pra quem acorda nunca é tarde
!age hoje!
!ergue!
!invade!
é tempo de romper a grade


não vou lavar as mãos
porque tenho as mãos limpas
eu vou na contramão
não tenho costas largas
eu não vou dar as costas
é melhor me largar agora

!parte!
!chega perto!
!arde!
pra quem acorda nunca é tarde
!age hoje!
!ergue!
!invade!
é tempo de romper a grade


... outra vez
sempre é tempo...
... outra vez
sempre há tempo...

!parte!
!chega perto!
!arde!
pra quem acorda nunca é tarde
!age hoje!
!ergue!
!invade!
é tempo de romper a grade

outra vez...


PS: meu parceiro baixista está puto porque ainda não gravei a versão com solozinho no final que improvisamos no último ensaio. Culpa do tal “corre-corre do dia a dia”...rs . Em breve, em breve...

8 comentários:

  1. Gostei de v q tá pesquisando, q tá preocupado em aliar paixão, música e conteúdo.
    Sabe...com relação a está td "mecanizado" neste mundo concordo plenamente...é td tão parecido...tão comum...será preguiça de pensar diferente?
    Uma pena q as artes estejam começando a decair neste sentindo. A criatividade, o novo é essencial nesta atividade.
    A sua percepção aqui descrita é uma pequena amostra da revolução cultural do século XXI, q vem crescendo a todo vapor. É a cópia da cópia.

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  2. É isso que eu sempre digo: cantar afinado, direitinho, é fácil, todo mundo faz... Quero ver alguém cantar como eu...rsrsrs. Seria o cúmulo do otimismo acreditar que nossas limitações nos tornam originais??? rs Adorei a análise, bjos!

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  3. "Seria o cúmulo do otimismo acreditar que nossas limitações nos tornam originais???"...ahuahau isso é tão verdadeiro, acredito que as melhores criações surgiram do esforço contra a limitação, depois volto aqui pra ouvir com calma, to meio correndo. mas adorei o post abrç

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  4. Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!

    E por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.

    Aguado sua visita!

    Forte abraço!

    Karina

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  5. Valeu Letícia, depois ouça mesmo, curto muito essa música. Abraços.

    Obrigado Karina, vou passar lá sim. Abraços

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  6. Bom dia amigo,primeiramente obrigado pela visita, minha visao da musica ficou mais ou menos assim,,,primeiro perdemos Cazuza, depois perdemos Renato, que ao meu ver tinham uma proximidade musical e poetica bastante parecida, sendo que eu via o Renato ainda melhor que o Cazuza...ele era mais sonhador,,,mais romantico, idealizava um amor diferente,,,hoje vejo uma pobreza na musica brasileira de dar dó,,,os grandes nomes tipo, Chico, Caetano não andam muito inspirados,,,a geração anos 80 restam poucos e tambem pouco inspirados,,, vejo hoje, na minha humilde opinião, apenas o Nando Reis como um artista que mereça um credito,,,mas enfim,,,isso é apenas uma opiniao de quem viveu o auge do rock da minha geração....abraços...prazer te lo no Livro...uma bela semana pra ti.

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  7. Everson, e Humberto Gessinger, não curte? Abraços

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  8. uMA OTIMA TERÇA FEIRA PRA TI AMIGO..ABRAÇOS.

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