sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SENSIBILIDADE X VIRILIDADE

Ontem me despedi de uma amiga virtual desejando um bom por do sol. Algo do tipo: “ta bom, um beijo, bom por do sol pra você. Eram 17h da tarde mais ou menos. Depois fiquei encucado com esse “bom por do sol pra vc”. Meio fresco? Gay pra caramba, na verdade, não? Os caras do futebol de segunda-feira não podem nem sonhar que escrevi um negócio desses. Não podem nem sonhar que escrevo alguma coisa, na verdade. Lá a conversa e o clima são outros. Aí quando lembro fico torcendo para que ela tenha achado no mínimo “bonitinho”. Mas até isso incomoda, às vezes. Cadê a virilidade masculina que a gente tanto gosta de ostentar? Mulher gosta de homem viril! Por outro lado dizem também que gostam de homens sensíveis... “Bom por do sol para você” decididamente é coisa de um homem sensível. Lembro-me de meus pais comentando em algum momento de minha infância/pré adolescência que eu era sensível. Tem até uma música de meu pai feita em homenagem à minha adolescência, chamada de Rebelde Sem Causa que diz: “apesar da idade, sensibilidade”.

E parece que esse dilema vem acompanhando o homem atual. Assisto a atrizes, cantoras, colegas de trabalho sempre dizendo que homem precisa ser sensível, mas também tem que ter pegada! E o homem contemporâneo, coitado, depois que perdeu o status de provedor da relação, vive na verdade querendo agradar às mulheres. Tanto na pegada quanto na sensibilidade.

Particularmente, acho que dá para haver um equilíbrio entre virilidade e sensibilidade. A sensibilidade não deve ser manifestada em certos ambientes, como no futebol das segundas, é claro. Deixo ela aflorar... aflorar, não, muito fresco. Deixo ela se manifestar mais à vontade na hora de escrever, compor, ou bater papo com uma amiga, ainda que virtual. Com amigo homem, o papo é diferente. Nada forçado, naturalmente diferente. Até porque se um amigo vier com muito nhém nhém nhém, eu mesmo, que me auto- intitulo sensível, vou dizer “colé rapaz, deixe de frescura, tome jeito de homem!”.

E é claro que dá para ser sensível também com a namorada: na hora de pensar em presentes especiais; naqueles momentos de namoro mais românticos ou logo depois de uma noite de sexo, naquela hora do cochilo relaxado sobre o peito.

Aliás, o sexo me parece uma situação que ilustra bem o “duelo” entre sensibilidade e virilidade masculina. No começo, bem no iniciozinho, há certa sensibilidade na sedução, para logo em seguida emendarmos um momento de virilidade máxima cujo desfecho vai descambar no relaxamento e sensibilidade novamente. Acho que até o zagueiro mais casca grossa da segunda-feira consegue ter um mínimo de sensibilidade e gentileza nesse momento.

Talvez o homem contemporâneo esteja felizmente aprendendo a orbitar pelos extremos entre a virilidade e a sensibilidade.

Até porque, sempre achei o por do sol a hora ideal para se marcar o futebol.

2 comentários:

  1. adorei seu texto (aliás vi seu blog, num comentário do do blog da Christine Fernandes)...então também percebo bastante este dilema sofrido pelos homens que cada vez mais mostram seus verdadeiros sentimentos... acho isso muito saudável!

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  2. Prova maior da sua sensibilidade é a percepção bem clara deste duelo, que existe e tem sido mesmo mais evidente no mundo contemporâneo. A grande evolução da mulher nas últimas décadas requereu que o homem acompanhasse isso.
    Ainda bem que foi assim...rsrs.

    Adorei seu texto!!!

    Kenia Araújo.

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